segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Minhas impressões sobre a Serra da Barriga

Minhas impressões sobre a Serra da Barriga começaram a mudar logo no início da área tombada, demarcada por uma espécie de portal onde os visitantes são recebidos com um Oku Abo (Bem-Vindos) e, ao retornarem, Olorum Kolofé Axé (Deus te abençoe e te dê Força)! A partir dali, as referências e dialetos africanos presentes em todo o espaço reforçariam em mim a ideia de que não basta conhecer a fundo determinado assunto e seus significados, com informações adquiridas em livros didáticos ou contadas por alguém. No caso da Serra da Barriga, especificamente, é preciso estar lá, sentir as vibrações e a energia do local para entender, de fato, toda a importância histórica que o cerca.
Durante a subida - de aproximadamente seis quilômetros a contar do portal - fomos acompanhados pelos agentes florestais Roberto Ferreira e Josames Teles. Começava ali a nossa aula prática sobre as belezas e os mistérios da Serra da Barriga. Roberto, que trabalha na região há 10 anos, nos conta que na serra ainda vivem algumas famílias, todas, segundo ele, em plena harmonia em relação à preservação ambiental que o local exige. "Foi feito um grande trabalho de conscientização junto a esses moradores. Hoje, qualquer coisa que é tirada da mata para, por exemplo, arrumar suas casas, é feito com a nossa permissão e supervisão". As moradias antigas, feitas de barro, estão, aos poucos, sendo substituídas por outras de alvenaria, mas sem perder o estilo simples e "caboclo" que as caracterizam. Tais mudanças são feitas para evitar a aparição do barbeiro e, consequentemente, o perigo da doença de chagas, muito comum em regiões quilombolas.
No caminho, a cumplicidade com a natureza anima os visitantes. A paisagem, extremamente verde, tendo ao redor o Rio Mandaú, é repleta de catolé, babaçu, nicuri, além de mangueiras, goiabeiras, laranjeiras, jaqueiras, bananeiras e várias nascentes. Ar puro, vista limpa! Um prato cheio para um ser "urbano" como eu.

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